As reacções partidárias ao pedido de demissão do 1º Ministro e à eventual dissolução do Parlamento seguiram um tom comum, que se assemelha em tudo ao discurso que os país fazem quando informam os filhos que se vão divorciar: os portugueses não tiveram culpa deste desfecho, há uma confiança nos portugueses, nós, políticos, gostámos muito dos portugueses, tudo vai correr bem.
Será assim? Serão os portugueses inocentes? Seremos ingovernáveis?
Parafraseando Stan Lee: grande poder acarreta grande responsabilidade. E por alguma razão que não consigo compreender, os portugueses não apreciam muito a Responsabilidade: a responsabilidade de fazer escolhas, de optar. Os portugueses gostam é de agradar, o que explica porque somos considerados bons anfitriões - apesar de desconfiar de que se fosse do conhecimento geral a origem de tal termo não haveria razões para tanta satisfação.
E deste modo preferem obedecer a escolher, preferem seguir a corrente lenta e certa a remar contra a maré, que alguém, de preferência estrangeiro, aponte o caminho. Querem que os políticos se entendam, caso contrário teriam que optar por um rumo; e por isso o centro, o centrão ganha sempre as eleições.