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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

Nas actuais circunstâncias, um futuro negro e sem esperanças de mudança, quem tem vontade de votar? Grande parte da população vê-se abandonada pelos seus lideres, que parecem defender os interesses de outros ou dos próprios políticos, mas nunca os seus. Os políticos são "eles".

 

Os partidos eram e deviam ser na essência um grupo. Um grupo unido por uma ideologia, que defendiam os interesses do seu eleitorado, fosse este burguês ou proletário. Actualmente, os partidos encontram-se vazios, ocos de ideais, personalizados no seu líder e nas suas características pessoais: aspecto, voz, postura.

 

Não sei se foi por essa razão que a abstenção nestas eleições ascendeu a 41,1%. A abstenção é silêncio. Um silêncio que não se interpreta, os seus fundamentos são vastos e variados, mas há um desalento, isso há. Para grande parte das pessoas a esperança de um mundo melhor já morreu, tornando tudo o resto inútil, sem sentido. 

 

Em trinta anos passámos de uma sociedade que queria atingir o socialismo - de Freitas do Amaral a Sá Carneiro, todos apregoavam o socialismo - para o país mais desigual da Europa: mais de um milhão de pessoas estão desempregadas, metade dos quais já não auferem qualquer subsídio de desemprego; duas em cinco crianças são pobres. 

 

O que aconteceu?

As reacções partidárias ao pedido de demissão do 1º Ministro e à eventual dissolução do Parlamento seguiram um tom comum, que se assemelha em tudo ao discurso que os país fazem quando informam os filhos que se vão divorciar: os portugueses não tiveram culpa deste desfecho, há uma confiança nos portugueses, nós, políticos, gostámos muito dos portugueses, tudo vai correr bem.

 

Será assim? Serão os portugueses inocentes? Seremos ingovernáveis?

 

Parafraseando Stan Lee: grande poder acarreta grande responsabilidade. E por alguma razão que não consigo compreender, os portugueses não apreciam muito a Responsabilidade: a responsabilidade de fazer escolhas, de optar. Os portugueses gostam é de agradar, o que explica porque somos considerados bons anfitriões - apesar de desconfiar de que se fosse do conhecimento geral a origem de tal termo não haveria razões para tanta satisfação. 

 

E deste modo preferem obedecer a escolher, preferem seguir a corrente lenta e certa a remar contra a maré, que alguém, de preferência estrangeiro, aponte o caminho. Querem que os políticos se entendam, caso contrário teriam que optar por um rumo; e por isso o centro, o centrão ganha sempre as eleições.

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