Nas actuais circunstâncias, um futuro negro e sem esperanças de mudança, quem tem vontade de votar? Grande parte da população vê-se abandonada pelos seus lideres, que parecem defender os interesses de outros ou dos próprios políticos, mas nunca os seus. Os políticos são "eles".
Os partidos eram e deviam ser na essência um grupo. Um grupo unido por uma ideologia, que defendiam os interesses do seu eleitorado, fosse este burguês ou proletário. Actualmente, os partidos encontram-se vazios, ocos de ideais, personalizados no seu líder e nas suas características pessoais: aspecto, voz, postura.
Não sei se foi por essa razão que a abstenção nestas eleições ascendeu a 41,1%. A abstenção é silêncio. Um silêncio que não se interpreta, os seus fundamentos são vastos e variados, mas há um desalento, isso há. Para grande parte das pessoas a esperança de um mundo melhor já morreu, tornando tudo o resto inútil, sem sentido.
Em trinta anos passámos de uma sociedade que queria atingir o socialismo - de Freitas do Amaral a Sá Carneiro, todos apregoavam o socialismo - para o país mais desigual da Europa: mais de um milhão de pessoas estão desempregadas, metade dos quais já não auferem qualquer subsídio de desemprego; duas em cinco crianças são pobres.
O que aconteceu?