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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

 E pronto, último post sobre a ida a Nova Iorque. Amanhã é dia de trabalho, de voltar à realidade de cá, de seguir em frente.

E reservo o último post para a companheira de viagem, a Sofia. Sem ela acho que me tinha perdido várias vezes. Não percebo o que me aconteceu lá. Acho que é por ser ilha, por estar rodeado de água, por estar divido entre avenidas e ruas com nomes... Sei lá, dizer que tal sítio é entre a sétima e a 48 não me fazia lá muito sentido. E nunca sabia quando estávamos em direcção a uptown ou downtown. Mas a Sofia lá estava, com o seu mapa nas mãos nos primeiros dias, quase já sem mapa para os dias finais. E eu seguia. E mais valia estar caladinho que as minhas opiniões normalmente saíam para o torto. 

Aguentou 10 dias comigo, dez dias de piadas parvas, de cantorias, de algumas mudanças de humor, de crises intestinais, de indecisões em prendas... É obra. Eu próprio às vezes preciso de férias de mim. Da minha parte, adorei a companhia dela, com excepção da parte em que insistia em pedir desculpa por estar a demorar muito tempo nas compras. Nova Iorque para as pessoas normais passa muito por compras, eu é que andava errado lá. E a Sofia lá comprou botas e casacos e prendas e postais e canecas. E aqui o je? Humpf...

Foi a companhia perfeita para uma viagem excelente.

Valeu a pena? Valeu pois!

 Quanto dinheiro traz para os Estados Unidos? Trabalha no seu país? Traz cartão de crédito? São casados? São amigos? Quais os nomes dos seus amigos? Quantos dias vão ficar? E acham que esse dinheiro chega para esses dias? O que faz o seu amigo? Alguma vez esteve nos Estados Unidos? Qual o objectivo desta visita?

Estas foram algumas das perguntas que eu e a Sofia ouvimos na fila do lado do controle do passaporte. Imediatamente pensei, pronto, esquece a América, vou voltar para trás, não vou responder a isto. Para além das perguntas ainda tiravam uma foto e ficavam com todas as nossas impressões digitais. Inspirei fundo e tentei não pensar muito nisto. Chegada a nossa vez o inspector apenas perguntou se éramos um casal e se estávamos lá para a passagem de ano. Ao ver o meu passaporte o inspector viu que me chamava Seabra e aconselhou-me o Seabra's Restaurant em New Jersey. Duas filas diferentes, dois interrogatórios diferentes. A nossa aventura em Newark demorou certamente mais de uma hora. Impossível. Sete horas de voo, uma hora no aeroporto, 45 minutos à espera de autocarro, mais de uma hora de viagem para Nova Iorque e ainda apanhar o metro para casa. Ufa...

No regresso tivemos de tirar as botas no check-in. As botas! Uma senhora dizia que por segurança não se importava de descalçar. Eu ainda brinquei a dizer que o pior era as minhas meias. Ela não ouviu ou ignorou-me. Mas choca-me que a sociedade esteja num ponto em que de uma bota se possa fazer uma arma e como tal toca a cheirar o cholé de toda a gente antes de sair do país. É uma prenda de despedida estranha. Acho...

Chegados aos U. S. of A., apanhámos uma camioneta em Newark que nos levaria a Nova Iorque. Depois de mais de uma hora de viagem, cansados e exaustos, lá chegámos à cidade. Pegámos nas malas pesadas, parámos para pensar que ainda faltava o caminho para casa, demos um ou outro sorriso por finalmente lá estarmos, e só depois parei para olhar à volta. E cum caneco, estávamos em Nova Iorque. A dimensão dos prédios era abismal. Senti de facto que estava num novo mundo. Disse eu à Sofia na brincadeira que se vivesse em Nova Iorque tinha sido arquitecto. E era bem provável.

 

 

E agora a piadinha parva. Na foto que se segue, imaginem que o prédio da direita é para habitação. Um tipo vive no último andar, sai apressado para o trabalho, bebe o café a correr, despede-se da mulher, sai de casa, entra no elevador, desce prédio abaixo, chega ao carro e... esqueceu-se das chaves!

 

Não levámos iPod para Nova Iorque. O quarto não tinha rádio e na tv era raro passar música. E em 10 dias que lá estive, muitas saudades tive eu da música, do meu piano, de ouvir acordes de determinadas músicas. Restava-me cantar. Às vezes logo ao acordar, chateando assim a Sofia. Mas tinha de ser. Tinha mesmo de ser. Deixo aqui algumas das músicas que se cantou por lá. Não listam forçosamente a minha escolha pessoal por música, mas foi o que me deu para cantar.

 

Por algum motivo que não sei explicar, esta foi a que mais me martelou na cabeça:

 

Antes de mais quero dizer que estive quase quase a acertar no euromilhões. Faltou-me só cinco números e duas estrelas. Todas as semanas isto...

Das viagens que fiz de avião raras foram as vezes que fiquei preocupado com a viagem. Nunca tive aquele medo do avião cair, ou de ficar traumatizado com turbulência. Talvez porque sempre fiz voos de uma duração máxima de duas horas. Ora, para ir a Nova Iorque, são precisas sete horas de voo para lá e cinco para cá. E desta vez, estar a não sei quantos metros de altitude num avião enquanto via filmes, preocupou-me. Sobretudo no regresso a Portugal. Depois da descolagem, tivemos uns bons 15 minutos de intensa turbulência, que fez com que agarrasse a mão da companheira Sofia e pensasse seriamente se eu seria religioso ou não. Ganhou o não.

Pela primeira vez num voo tive distracções oferecidas pela companhia, neste caso a tap. Desde jogos, música, notícias, informações do voo e filmes. Aproveitei para rever o fantástico Wall-E e vi o Ghost Town com o Gervais no papel principal. Trata-se de uma comédia leve, com argumento pouco original, mas que sobrevive bem com as situações cómicas criadas e com o desempenho do Gervais. O mais engraçado deste filme é que a acção passa-se em Nova Iorque e vimos o filme à ida. Por isso, desde logo ficámos avisados para termos cuidado com os autocarros, com o piso escorregadio por causa da neve e que de cada vez que espirrássemos era porque passámos por uma alma. Informações preciosas para quem viaja para Manhattan.

Para terminar este post deixo um lembrete a mim próprio para o futuro. No regresso tivemos ao nosso lado um senhor já idoso que realizava o seu primeiro voo. Ele estava nervoso, sentia-se deslocado, não sabia trabalhar com a tecnologia do touchscreen da tap, não percebia os botões do comando. Eu percebo isso tudo, nem julgo. Mas o senhor nem o cinto sabia apertar e nem tentava. Dependia em tudo das hospedeiras. No futuro, posso vir a estar ultrapassado no tempo, mas macacos me mordam se não vou fazer de tudo para perceber como se enfia uma peça de metal noutra. Ou questionar-me a mim prórpio porque raio é que as hospedeiras aparecem de cada vez que se carrega naquele botão mesmo em frente à cadeira. Manias minhas...

 

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