Um adágio famoso, não confundir com a marca de iogurtes, diz que nada está completamente errado até um relógio parado está certo duas vezes por dia.
Sem querer retirar o carácter filosófico da frase, a verdade é que um relógio parado é tão útil como uma máquina de preservativos no Vaticano.
O meu relógio de pulso, que tem o hábito aborrecido de parar, é o perfeito exemplo. Não que a culpa seja unicamente dele, mas sim da minha inércia: é um relógio automático, sem pilha, que se alimenta dos movimentos de quem o usa.
O problema é que irrita-me andar sempre de relógio no pulso, pelo que o deixo repousar, retirando, dessa forma, a sua única fonte de alimentação.
Ora, o novo Governo que agora tomou posse, padece do mesmo problema. Até pode acertar em alguns pontos específicos, mas, a menos que a sociedade civil deixe de ser uma massa amorfa e comece a trabalhar, a inovar, a fazer petições, manifestações, reivindicar para que o nosso país ande para a frente, Portugal vai permanecer como o meu relógio: atrasado.