Em 1807, as tropas francesas, sob o comando do General Soult, invadiram, pela segunda vez Portugal, desta vez pela fronteira de Trás-os-Montes, avançando até ao Porto.
O seu rasto foi marcada pela pilhagem e pela violência, cujo exemplo mais trágico é a infame catástrofe da Ponte das Barcas. De forma a evitar as pilhagens, as populações escondiam o que podiam e o que conseguiam.
Os habitantes de Boticas, por exemplo, enterraram o seu vinho no chão das adegas, debaixo das pipas e dos lagares. Quando, finalmente, a paz se estabeleceu e as desenterraram, descobriram, para seu grande espanto, que o vinho se tinha alterado, mais saboroso, havia surgido um gás natural, que deu ao vinho um paladar mais leve.
Não estou a defender os benefícios da guerra, como Harry Lime, personagem do filme "The Third Man":
Em Itália, durante os 30 anos da regência dos Bórgia, existiram guerras, assassinatos e derramamento de sangue infindos. Mas, esses mesmos 30 anos deram-nos Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci e o Renascimento.
Na Suiça, houve amor fraterno, democracia e paz durante 500 anos.
E que nos deram esses 500 anos?
O relógio de cuco!
Apenas digo que nada, nem mesmo a guerra, é intrinsecamente má.
Por isso JSP não te sintas mal disposto. O segredo talvez seja evitar que em vez de sermos donos das coisas sejam as coisas donos de nós.