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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

A hora mudou, o tempo esse mantém-se inalterável. 

 

Quando ouvi pela primeira vez o "FMI" de José Mário Branco considerei-o anacrónico, seguramente que tal não voltaria a acontecer; agora acordo com as palavras Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde.


Até a Gabriela, porra. Nada, nada mudou.

Houve um partido que foi contra a integração no euro nos moldes em que foram feitos. Esse mesmo partido foi contra a nacionalização do BPN. Esse mesmo partido foi contra os últimos PEC's. E agora o centro-direita diz que a culpa da actual situação é de todos?! Haja lata.

 

 

 

 

Na sua cama improvisada, coberta de cobertores sujos e rasgados, Denisovich acorda doente. Levanta-se a custo. Cumpre o castigo por ter-se deixado dormir alguns minutos. No exterior, com temperaturas negativas, trabalha arduamente, acompanhado da sua equipa, até ao fim do dia. Condenado a dez anos de trabalhos forçados por um crime que não cometeu, Ivan não se queixa: não pode mudar nada, resta-lhe tentar sobreviver como pode porque tem a noção que as coisas podiam ser bem piores. Adormece feliz por ter tido um dia de trabalho proveitoso, o livro acaba.

 

O FMI chegou, e, não sei porquê, lembrei-me deste livro de Soljenítsin. A mente humana tem por vezes coisas estranhas.

 

Costuma-se dizer que os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio. E é o que me apraz dizer quando ouço os apelos dos banqueiros, que reunidos à porta fechada, decidiram, sem apelo nem agravo, o futuro do país. As eleições são apenas decorativas porque, como diz a Manuela Ferreira Leite, "quem paga é quem manda". As normas europeias, ao impediram o financiamento dos Estados através dos BCE, conduziram a que o poder estivesse do lado dos mercados.

 

O mais surreal desta história toda é que quem incendiou o navio foram os banqueiros e agora, por arte mágica, transformaram-se em fiscais e acusam os bombeiros de ter provocado as inundações

 

Mas o que terá mudado nas últimas semanas para este apelo dos banqueiros? O problema de Portugal, apesar de muito dinheiro mal gasto, nunca foi uma questão de dívida pública mas sobretudo a dívida privada e o financiamento dos bancos, como afirma o Director-Geral do FMI. E esse problema e

 

Apesar de todos os factos conhecidos, as opiniões dos banqueiros são sempre tratadas com muito respeito, emitidas essencialmente por pessoas sérias, a pensar no bem comum. Enquanto que as opiniões de lideres sindicais são facciosas, querem é o bem bom deles.

 

Uma questão de percepção, portanto!

 

Ó i ó ai, Quando se embebeda o pobre 
Ó i ó ai, Dizem, olha o borrachão 
Ó i ó ai, Quando se emborracha o rico 
Acham graça ao figurão

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