Nas próximas semanas, em relação às legislativas que se aproximam, presumo que se ouvirá várias vezes a famosa frase: "Se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude".
Se é quase certo que se assistará a uma alteração do 1º Ministro e das cores governativas, em termos de medidas tudo ficará como está: austeridade até à chegada do FMI, que trará ainda mais austeridade. Face a isto, ouvem-se vozes a pedir um governo de salvação nacional, o que faz todo o sentido, dividir as migalhas pelo centrão.
Na rua, com resignação e um baixar de braços, ouve-se: "Não há alternativas!". Na Grécia e na Irlanda vemos o nosso futuro e continuámos a percorrer, lento mas seguro, o mesmo caminho, o abismo chama-nos.
Nesta altura é fundamental que os partidos de esquerda não receiem ter poder, o que implica capacidade e sobretudo vontade para fazer concessões, negociar, ultrapassar dogmas, deixar de ser intransigentes e não esquecer que o óptimo é inimigo do bom. Ser simplesmente treinador de bancada é fácil, cómodo, sem riscos mas inoperante.
Ao mesmo tempo, torna-se necessário repetir ad nauseam que a presente crise teve origem na desregulação dos mercados, do sistema financeiro, o que levou ao anúncio em 2009 da morte do neo-liberalismo. No entanto, tal como a morte de Poe, este anúncio foi precipitado; e a solução da crise tem passado por uma agenda neo-liberal, assente na ideia do trickle-down: uma maior desregulação, privatizações, liberalização da legislação laboral, destruição do estado social, redução dos salários.
Quando na verdade a solução teria que passar por corrigir os mecanismos de uma moeda única insustentável, como defende este perigoso comuna e confirmado pelo gráfico infra, retirado do blog do Paul Krugman: