Onda
Dezenas de pessoas, colocando em perigo a sua própria segurança, afluem às zonas costeiras para observar as ondas gigantes que se multiplicam no litoral de Portugal. Nas imagens recolhidas, cada rebentação era recebida com gargalhadas, gritos e gestos de exultação.
No fantástico "White Noise", DeLillo procura explicar este encanto: por que razão pessoas decentes, responsáveis ficam fascinadas por catástrofes, desejando sempre algo maior, mais arrebatador.
Para o autor há um desejo e uma necessidade de catástrofe. Necessidade porque é a única forma de romper com o "brain fade", causado pelo bombardeamento de informação diária; de ultrapassar o ruído branco e agarrar a atenção do público. E desejo porque no mundo pós-moderno a televisão transforma tudo em entretenimento, em espectáculo, o que leva a que as catástrofes tenham algo de desejável até de fantasioso.
No entanto, creio que existe algo mais do que meros efeitos causados pelos mass media, mais intrínseco à condição humana. Um fascínio pelo poder da natureza, desde a mais simples e hipnótica lareira ao poder destrutivo de cataratas gigantes.