"A man gotta have a code"
Omar Little
Há um fascínio pela personagem Omar ("The Wire") semelhante ao que existe pela versão romantizada da Máfia. Em comum: ambos seguem um código de conduta; um contraponto ao actual zeitgeist: não é que não exista a noção de certo ou errado, acontece que já não existe sequer o certo.
Não, antigamente o Mundo não era um paraíso de virtude. E sim, os mafiosos eram violentos, com nenhum respeito pela vida humana. O que importa, porém, é a percepção. Esta influencia o comportamento e reforça-se a si mesma. Parafraseado Naipaul, a personalidade de cada um é construída de acordo com as ideias que nos rodeiam.
Ora, a cultura popular, desde as simples fábulas às longas-metragens de Hollywood, procuravam criar meta narrativas de uma certa moralidade. A sua hipocrisia foi, e bem, exposta, mas não surgiu nada em sua substituição. Ficou um vazio, uma sensação de ausência de limites, de barreiras, em que todos os meios são aceites e o sucesso é a medida de todas as coisas.