A certa altura das nossas vidas a discussão recorrente muda. Esta deixa de ser sobre a profissão que se deseja e passa a ser sobre onde queremos viver. Imagino que passados mais uns anos esta verse sobre o local do repouso eterno - melhor cemitério? Père-Lachaise, é claro.
Actualmente pertenço aos que se encontram na segunda discussão que, como todas as que verdadeiramente interessam, nunca tem fim. No entanto, sei onde nunca viveria: há um edifício que na sua fachada tem um anúncio de venda "Aqui vou ser feliz". Nunca aguentaria esta pressão; estaria sempre a interrogar-me: se nem aqui sou feliz, o que se passa comigo? E imagino o terror das assembleia de condóminos. Uma espécie de reunião de apresentadores de programas da manhã, todos sorridentes e bem dispostos, e eu. "Aqui vou estar confortável" seria um slogan bem melhor.
Ou então o anúncio é mais um exemplo da obsessão com a felicidade eterna e constante; como ela é usada e abusada para vender tudo, desde bebidas gaseificadas a apartamentos; e como as expectativas criadas distorcem a visão que temos de nós, dos outros, da realidade.