Money
Este fim-de-semana, senti-me como o Professor Kugelmass mas, em vez de Madame Bovary, entrei no meio de Money, de Martins Amis.
A noite começou com rodízio brasileiro, não será propriamente fast-food, mas a rapidez com que chegava mais e mais carne acabou por esbater em absoluto a diferença; e acabou num bar alternativo, de má fama, com pouca luz e muito fumo. O ritmo sincopado de holofotes acompanhado de música a uns decibéis muito acima do tolerável impediam o raciocínio, qualquer que ele fosse. Dispersos pelo Bar encontravam-se espelhos vampíricos que não reflectiam a figura dos clientes, impedindo o desconforto do confronto, o assumir da sua presença naquele local. Em nenhum outro local constatei tão puramente o poder do dinheiro, o seu toque de Midas: em tudo o que toca retira autenticidade, transformando tudo numa silhueta plastificada.
Segunda-feira acordei. Pensava que tinha saído finalmente do baú do Persky, que tudo tinha regressado à normalidade, quando ouvi que o AVB se tinha despedido do Porto para ir para o Chelsea.
Afinal, nunca cheguei a sair do Money...