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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

Perdi. Perco sempre. Apenas uma única vez estive perto da vitória: quando fui obrigado a abster-me por falta de documentação, em virtude de ter sido alvo de um furto.

 

O dia das eleições começa normalmente risonho.

 

Em primeiro lugar, existe a feliz coincidência de calhar num domingo (ao contrário de outras democracias menos desenvolvidas que teimam em fazer eleições em dias da semana), dia de descanso, pelo menos descanso matinal o que permite processar o álcool ingerido na véspera, evitando, desse modo, que o voto seja considerado nulo por ter sido efectuado a cruz no quadrado da visão dupla.

 

Em segundo lugar, gosto do ambiente dos locais de voto, todo aquele espírito cívico alegra o meu espírito democrata e reforça o meu optimismo quanto ao resultado final.

 

No entanto, às vinte horas em ponto todo este optimismo se transforma no travo amargo da derrota, sendo que há algumas eleições mais amargas que outras: as últimas autárquicas e estas presidenciais custaram mais a engolir. O que me custa mais não é o facto de perder eleições mas sim aperceber-me nestes dias que existe um fosso tão grande entre mim e a maioria dos meus compatriotas, uma diferença abismal sobre questões essenciais quanto ao rumo que como sociedade deveremos seguir.

 

Nos próximos anos Portugal será atingido por uma grave crise social sem precedentes na história recente. A única forma de a combater é com um espírito de solidariedade, que não se confunde com a caridade por muito que custe ao Presidente eleito. É nestas alturas que o Estado tem que aparecer forte, contrariando com pedagogia a tendência natural da inveja e egoísmo que estes tempos acarretam.

 

Infelizmente, não foi essa a escolha. Escolheu-se um Chefe de Estado que se demite das suas obrigações ao conduzir as pessoas para a instituições de solidariedade fora do estado, que se queixa da pensão baixa da primeira dama, que nos pede para sofrermos calados para não arreliar os mercados, e que considera o escrutínio como baixa política.

 

Muito se escreveu que o Candidato Coelho era a sul-americanização da política portuguesa mas, nestas eleições, quem ganhou foi novamente a demagogia da seriedade.

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