2010 foi um ano de grandes concertos: U2, Pearl Jam e Jamie Cullum. Apesar de sonhar há anos e anos por esta oportunidade (nem imaginam as desventuras que passei na tentativa de compra de bilhetes para os U2, que irremediavelmente resultaram infrutíferas), tudo acabou por se resolver à última da hora, sem que para tal tivesse que efectuar qualquer esforço.
Sorte?! Sem dúvida! Mas cada vez mais tenho a impressão que as coisas acabam simplesmente por acontecer. A urgência de agarrar tudo foi maturada e transformou-se, não em complacência e apatia, mas numa admissão que a vida é um equilíbrio entre a infinitude de possibilidades e a finitude das nossas capacidades, cujo limite máximo é a nossa mortalidade.
Mas, voltando aos concertos, existe uma sensação estranha quando vamos assistir a algo pela qual nutrimos uma enorme expectativa*. Existe uma enorme vontade de bebermos toda aquela experiência até à ultima gota, até ficarmos embriagados. Numa primeira fase, existe uma descrença: estarei mesmo aqui?; isto está mesmo a acontecer? Depois, uma tentativa de máxima concentração: não posso perder um segundo disto. Não conseguimos, porém, evitar todos estes pensamentos que nos acabam por distrair, e começámos a ficar zangados. O espectáculo acaba, soube a pouco, quero mais!
* Proust faz uma descrição bem melhor do que esta treta supra mas foi o que se pode arranjar!