O conceito de bom aluno, isto é, cumprir com rigor as regras e orientações conduzem indubitavelmente ao sucesso, é algo que faz sentido, acolhido com naturalidade. Pode-se discutir o teor e a intensidade das mesmas mas raramente é colocado em causa a sua causalidade.
O problema nesta concepção é que não contempla o enorme caos a que se dá o nome de realidade, as enormes probabilidades que algo, mesmo um pequeno acontecimento, transforme o sucesso em insucesso ou vice versa (entre muitos outros a descoberta da penincilina).
Os antigos gregos, mais avisados, sabiam que não se podia controlar o destino. Não decorre daqui qualquer resignação apenas a constatação que não existe per si uma relação causal directa, que a vida não é um jogo que premeia os bons jogadores.
O futuro na sua enorme aleitoriedade encontra-se mais fora do nosso controlo que se imagina ou que é suportável e desejável. Desta forma, a sorte tem um papel fundamental em cada caso de sucesso, como bem demonstrou Woody Allen em Match Point.
No entanto, graças à nossa "capacidade quase ilimitada para ignorar a nossa ignorância" acabamos por ter uma visão mais reconfortante e benigna da vida na qual somos os seus autores.