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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

Gostava do Eusébio. Durante muitos anos foi o "abono de família" do SLB dando-lhe golos, títulos, cachets. E, mesmo assim, gostava do Eusébio, não era só respeito, gostava mesmo. Aquelas arrancadas, remates potentes feitos com graciosidade e alegria de um sobre-dotado; o seu fair-play em campo, as lagrimas após a derrota no mundial de 1966 - tudo isto faziam-me gostar do Eusébio, transcendendo qualquer fervor clubístico.

 

Não alinho no discurso moralista dos "role-models", nunca procurei perfeição e sobreponho as qualidades artísticas a qualquer defeito de carácter (dentro dos limites mínimos "olá Albert Speer"). Por isso nunca liguei muito a algumas frases menos felizes do Eusébio: acusações de racismo ao seu antigo clube de Moçambique ou algumas entrevistas fabricadas no jornal "A Bola".

 

E agora o Pantera Negra faz 70 anos e deixei de gostar dele, perdi o grande respeito que tinha. Isto não é digno de um dos melhores jogadores do mundo de sempre. Estou triste e zangado...

Kodak apresentou-se à insolvência. Puxo pela memória e mesmo assim não me consigo recordar a última vez que mexi num rolo de fotografia, que abri a tampa de uma máquina fotográfica, retirei o rolo para o colocar no pequeno tubo preto de plástico pronto para a revelação. 

 

Não foi apenas mais um pedaço da infância que se perdeu com esta insolvência, mais importante do que isso, foi uma outra forma de ver, de nos relacionarmos com a fotografia.

 

Nos tempos do rolo a fotografia era misteriosa (confiava-se que tinha saído bem), especial, singular, pensava-se duas vezes antes de tirar uma, estava reservada para aqueles momentos, momentos Kodak. Actualmente, a fotografia é uma comodidade sem valor, banal, corrente, descartável.

 

E era sobretudo especial porque envelhecia tal como nós. O papel repercutia o decurso do tempo, tornava-se antigo, gasto, perdia alguma cor: não só nos trazia para o passado com as recordações impressas como era uma prova física dos anos que passaram.

Sócrates diz que não governa com a troika. Sócrates assina o pacto com a troika.

 

Seguro faz uma abstenção violenta.

 

João Proença faz discurso violento contra a troika. João Proença é dirigente do PS, partido que assinou a troika.

 

UGT participa em greve geral, UGT assina a concertação social. Francisco Assis diz que a UGT prestou um grande serviço ao país.

 

Daniel Bessa, ex-ministro do Guterres, elogia a persistência do Ministério da Economia e a coragem de João Proença.

 

Na lei da procriação medicamente assistida, Carlos Zorrinho e a ex-ministra da Igualdade Maria de Belém querem manter a restrição a casais heterossexuais, casados ou em união de facto.

 

Este PS é oposição ao PSD em quê? Digam lá quantas vezes adormecerá o Passos Coelho com dores de cabeça por causa do PS? Vergonhoso.

 

"Love", em ténis, corresponde ao zero no marcador. Perante esta concepção de amor imbuída neste desporto não surpreende pois que Serena Williams tenha sido a terceira grande campeã, depois de Agassi e Steffi Graff, a admitir que não gosta de ténis.

 

É até natural que num desporto de grande exigência física e mental como este - longas horas de treino, uma época que abrange quase um ano civil, competição praticamente diária, viagens constantes, o seu cariz individual - exista no decorrer dos anos um desencantamento.

 

No entanto, ao contrário do que sucedeu com Borg, aqueles não se cansaram do jogo, simplesmente nunca gostaram; foram empurrados para a sua prática por pais controladores e obsessivos, que os obrigaram desde tenra idade a seguir um esquema de treino intensivo.

 

O sucesso dos filhos é evidente, será que os pais estiveram assim tão mal como à primeira vista parece?

 

Amy Chua, professora de direito em Yale, defende que a melhor forma dos pais protegerem os seus filhos é prepara-los para o futuro através de exercício e treino até à exaustão e depois um pouco mais além, aliado a uma atitude de escárnio, punição e vergonha quando os resultados não são perfeitos. No mundo de hoje altamente competitivo esta seria a única forma de providenciar um futuro melhor aos nossos descendentes.

 

Porventura o problema será precisamente o mundo que estamos a deixar aos nossos filhos, que tal como no ténis love não significa nada e o ganhar e ser número um é a medida e fim de todas as coisas.

 

Se como afirma Vonnegut "We are healthy only to the extent that our ideas are humane." então a Europa padece de uma doença grave.

 

Os sintomas são claros: a Europa foi raptada não por um boi branco, como no mito grego, mas por ganância desmedida e egoísmo.

 

As estruturas de uma desunião permanecem silenciosas perante o descalabro social impostas por uma austeridade supostamente redentora; e a via anti-democrática que cresce a passos largos na Hungria, onde começam a ser criados campos de trabalho forçados para os que estão desempregados há mais de 90 dias, sob supervisão policial.

 

And so on.

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