De acordo com dados recolhidos na internet:
O valor do Rendimento Social de Inserção (RSI) também conhecido por Rendimento Mínimo Garantido representou para o Estado português o valor de 425 milhões de euros em 2008.
Este montante é aproximadamente 19% do total das diversas Depesas Sociais (subsídio de desemprego, pensões, acção social, etc.).
O RSI, para este valor, representa cerca 0,003% do PIB.
Pese embora este impacto reduzido no orçamento do estado, não existe qualquer conversa de café que não seja iniciada com um ataque aos beneficiários desta quantia.
Relembro que até Dezembro de 2010, o Estado Português já injectou 4,6 mil milhões de euros no BPN (uma década de RSI!), sem falar das garantias que o Estado já deu aos Bancos sem qualquer contrapartida, ou, simplesmente, o facto de as instituições bancárias pagarem uma taxa de IRC mais baixa que uma qualquer mercearia.
Por isso esta raiva não pode estar direccionada relativamente aos valores, uma vez que face ao exposto verifica-se que a raiva teria mais rapidamente como alvo os Bancos.
Nem com os seus efeitos, porque como a presente crise permite comprovar os efeitos das fraudes bancárias têm consequências muito mais nefastas na economia do que uma mera fraude no recebimento do RSI.
Que efeito psicológico estará a impulsionar esta animosidade?
Não é apenas uma questão de egoísmo. As pessoas vêem-se confrontadas com cada vez maiores dificuldades, trabalham cada vez mais horas para sobreviverem, para conseguirem ter um nível de vida satisfatório e olham para o lado e verificam que há pessoas que "sem nada fazerem" recebem dinheiro que eles esforçados lhes faziam falta.
O fosso entre os ricos e os pobres tem de tal forma aumentado, a classe média têm-se visto de tal forma descapitalizada que os seus rendimentos aproximam-se perigosamente do limiar da pobreza que qualquer apoio social é visto como uma traição ao seu esforço.
Apesar de compreender não posso aceitar que as queixas fiquem toldadas por este sentimento de traição, o caminho não se pode cingir pela tentativa de cortes ao RSI mas sim que o Trabalho seja devidamente recompensado, que as ajudas passem pela capitalização da classe média de forma a voltar a ser injectado dinheiro na economia.