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O meu Douro é Português, não se confunde com um pobre minúsculo impronunciável duero.
O meu Douro não nasce numa qualquer montanha, é uma dádiva Celta que, ao desembrulhar, nos desvenda as nossas origens mais profundas, esquecidas na poeira dos séculos.
Deslizo pelo seu leito e desaguo na pérgula da Foz. Observo a dança eterna das ondas, os caminhantes apressados que contam as horas em quilómetros, os casais entrelaçados e embevecidos, as bicicletas nervosas...
Paro, procuro, na linha que divide o dia da noite, respostas sobre quem Eu sou. É inevitável sentir na vastidão do oceano o molde do meu pueril espírito sonhador, o imenso horizonte sem fronteiras nutre uma confiança imensurável. E, ao mesmo tempo, a impossibilidade da caminhar sobre aquelas águas, a impotência perante as naturais adversidades da existência.
Esta dualidade, estas duas almas que se gladiam, batalhas diárias são conquistadas e perdidas, sem nenhum vencedor claro – nenhuma batalha tem vencedores, nenhuma batalha é, sequer, combatida, escrevia Faulkner.
Seria eu diferente? Seria diferente se Bilbao, com as suas montanhas agrestes, intimidadoras, fosse a minha casa? A rocha nua, irregular, crespa, que nunca desprende, que espreita por todas as janelas, por todas as ruas, a relembrar quão pequenos somos. Que seria de mim? Realista? Talvez...
Ou, então, se o meu alpendre fosse as grandes planícies americanas? Neste mundo sem barreiras partiria confiante em busca do fim do arco-íris, uma corrida extenuante pelo grande sonho americano de felicidade. Seria confiante e orgulhoso?
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