“Never can true reconcilement grow, where wounds of deadly hate have pierced so deep.”
- John Milton
Este era o verdadeiro desafio da União Europeia: permitir que a reconciliação florescesse num Continente coberto por feridas profundas de ódio mortal. A integração económica seria um mero instrumento, o objectivo último sempre foi a paz.
Em virtude, porventura, de voluntarismo exacerbado a UE foi construída sem a prudência necessária, designadamente não foram considerados os ensinamentos de Thomas Paine, nos quais este alerta que se é permitido a existência numa estrutura governativa - aqui no seu sentido mais lato possível - de uma potência mais forte que os demais, esta acabará por governar; e apesar de outros poderem bloquear ou servirem de contrapoder, os seus esforços serão contraproducentes; no fim os interesses daquela acabarão sempre por triunfar.
Ora, o triunfo dos interesses da parte mais forte será entendido, mais cedo ou mais tarde, pelos restantes como uma opressão. A sua manutenção na união torna-se numa obrigatoriedade - a opção menos má. Estes deixarão de se percepcionar como participantes livres, apenas como participantes numa farsa. Por sua vez, a outra parte olhará com desprezo os mais fracos: um peso morto sem um pingo de gratidão.
Um "casamento forçado" que criará novos ressentimentos.