Na advocacia costuma-se dizer que "mais vale um mau acordo que uma boa demanda". E parece ser essa a visão dos dirigentes do Partido Socialista. Sucede que as duas situações são incomparáveis: na primeira hipótese existe um litígio, cuja resolução depende de uma decisão judicial; enquanto que neste eventual acordo de "salvação nacional" não se percebe em que medida existe um litígio que engloba o PS.
A presente crise governativa ocorreu em virtude de divergências entre o PSD e o CDS, que, segundo estes, foram entretanto sanadas. O PS não teve qualquer papel no eclodir desta crise - o que não é nada abonatório para o seu papel como oposição - , nem a sua acção poderá impedir a prossecução das medidas que a presente e legítima maioria parlamentar deseja impor.
Neste caso, por que razão foi chamado o PS para negociar? E negociar exactamente o quê?
Ontem, este mistério adensou-se ainda mais com os discursos da actual Ministra das Finanças e do 1º Ministro, que não só defenderam as medidas tomadas, demonstrando os seus fantásticos resultados (sic), como consideram que deve ser mantido o mesmo rumo.