Mr. CRG went to Brussels (parte 4)
Da mesma forma que aprendemos a desconfiar dos clássicos cinco sentidos (somos obrigados a efectuar um esforço mental para sobrepor a intuição de que as duas linhas na imagem supra não são idênticas) é imprescindível estar alerta para os nossos erros lógicos, porque, como diz David Foster Wallace, "a validade lógica não é uma garantia da verdade".
Na prossecução e fundamentação de políticas existe a tentação facilitista de justificar medidas vistas isoladamente através de um teste lógico: fará sentido que um desempregado pague o mesmo por uma intervenção cirúrgica que alguém da classe alta; fará sentido que as empresas de transporte público sejam deficitárias; fará sentido que os alemães paguem os problemas dos países do Sul.*
Ora, por diversas vezes o que à primeira vista e descontextualizado faz sentido encontra-se errado ou acaba por ser contraproducente, como sucede com o paradoxo da poupança: se todos pouparem ao mesmo tempo a dívida de todos aumenta.
A questão não se resolve com mais informação, como alguns congressistas nos quiseram fazer acreditar, nem com melhor informação - apesar de ser cada vez mais essencial. O importante é manter e incutir nos cidadãos um espírito crítico, não conspirativo; inquisitivo e equilibrado, sem resvalar em cinismos e relativismos.
* Faz. A sua explicação está bem documentada pelo que julgo desnecessário insistir neste aspecto, até porque ultrapassaria o escopo do post.