"Erst kommt das Fressen, dann die Moral" (Primeiro a comida, depois a moral*), presente n' "A Ópera dos três vinténs", é porventura a frase mais emblemática de Brecht.
Em tempos de crise - a peça foi escrita em 1928, na Alemanha de Weimar - em que a moral, os valores são abalados, escolhas têm que ser feitas, torna-se fundamental regressar a esta frase simples.
Infelizmente, muito pouco, quase nada, se alterou desde essa altura. Um retrato assustadoramente real do nosso quotidiano. Continua-se a privilegiar a “comida” no seu sentido mais lato – aliás Brecht em vez de escolher a palavra Essen optou por Fressen - mais animalesco, de ânsia, de desejo consumista.
Tenta-se esquecer os infâmes diamantes de sangue; opta-se por não saber como são obtidas as matérias primas necessárias aos produtos de tecnologia (Congo, que apenas parcialmente ficou resolvido); desvia-se o olhar sobre as praticas de determinadas fábricas de trabalho intensivo ao serviço das multinacionais; realpolitik continua a ditar as suas regras sob o manto da ausência de alternativas...
Agora a versão do Tom Waits desta música de Brecht e Weil:
*Calma, por favor não embarquem numa intrepretação literal da bondade desta prerrogativa e comecem com iniciativas tipo Movimento Zero Desperdício, na falta de melhor comparação pensem na "Greed is good" do Gekko.