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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

Esta frase termina a maior parte das histórias que são contadas às crianças. Após uma série de desventuras, o fim desejado e alcançado é um estado perpétuo de felicidade. Desde novos que somos doutrinados que este estado corresponde ao alcançável e desejável - sem pressão, claro.

 

A felicidade tornou-se num vício e a sua impossibilidade de constância numa fonte inesgotável para o marketing e publicidade. Todos os produtos ou vendem a ideia de criação de felicidade ou que acrescem tempo livre às nossas vidas de forma a permitir fazer o que se gosta, que implicitamente é sinónimo de felicidade.

 

Sucede que a felicidade - como os escritores de distopias e os heroinómanos descobriram - apenas faz sentido se corresponder a um momento singular, único e especial. Caso contrário não haveria felicidade, apenas um torpor.

The fundamental surprise of well-being research is the robust finding that life circumstances make only a small contribution to the variance of happiness—far smaller than the contribution of inherited temperament or personality.

 

Experienced Utility and Objective Happiness: A Moment-Based Approach
Daniel Kahneman

Nos restaurantes franchisados presentes nas praças alimentares dos centros comerciais têm-se assistido a uma tendência: o cada vez maior número de escolhas disponíveis aos potenciais clientes. Um dos exemplos mais notórios são os restaurantes de pasta: escolhe-se o tipo de massa, os ingredientes (mas falta ainda um, argh!), o molho, sal, pimenta. Todas estas escolhas irritam-me. Estou na minha pausa de almoço, a tentar relaxar, e sou bombardeado com perguntas e mais perguntas.

 

Sempre pensei que esta fosse apenas mais uma das minhas idiossincrasias uma vez que nunca fui muito dado a escolhas. No entanto, na sua autobiografia, "Life", Keith Richards alia-se à minha batalha ao defender a gravação de oito pistas em contraposição com as actuais possibilidades ilimitadas precisamente por considerar demasiadas opções, o que impede a criatividade.

 

A verdade é que segundo Barry Schwartz, num livrinho chamado "Paradox of Choice", ao contrário do senso comum, a multiplicidade de escolhas não nos liberta nem nos torna mais felizes mas sim exactamente o oposto, torna-nos infelizes e as nossas escolhas acabam por ficar restringidas.

 

Assim, quer sejam ingredientes, sons ou fontes (não é verdade JSP?) menos é mais.

 

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