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Dois Olhares

"Wovon man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen."

Numa cena do "Mundo a seus pés", após o eclodir da grande depressão, Bernstein, funcionário de sempre de Charles Foster Kane, interroga incrédulo o banqueiro Thatcher, que veio em salvamento do império empresarial de Kane, como é que tinham chegado a isto, os custos tinham sido sempre inferiores às receitas. Oh mas os vossos métodos, respondeu o banqueiro, nunca faziam investimentos, usavam o dinheiro apenas para comprar coisas.

 

Durante anos Portugal, pressionado também pelo inefável PEC, viu-se obrigado a cortar no investimento público. Durante a última década, o investimento nacional, público e privado, caiu dez pontos para os 18% do PIB; e o investimento público ficou reduzido a metade (aqui). Compraram-se submarinos, "comprou-se" o BPN, comprou-se artificialmente a redução do deficit orçamental e até cursos superiores se compraram.

 

E agora dizem-nos é preciso cortar mais, cortar nos investimentos e empobrecer. Eu não sou economista mas nunca percebi como é que se pagam dívidas ficando mais pobre, com menos rendimento.

Costuma-se dizer que os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio. E é o que me apraz dizer quando ouço os apelos dos banqueiros, que reunidos à porta fechada, decidiram, sem apelo nem agravo, o futuro do país. As eleições são apenas decorativas porque, como diz a Manuela Ferreira Leite, "quem paga é quem manda". As normas europeias, ao impediram o financiamento dos Estados através dos BCE, conduziram a que o poder estivesse do lado dos mercados.

 

O mais surreal desta história toda é que quem incendiou o navio foram os banqueiros e agora, por arte mágica, transformaram-se em fiscais e acusam os bombeiros de ter provocado as inundações

 

Mas o que terá mudado nas últimas semanas para este apelo dos banqueiros? O problema de Portugal, apesar de muito dinheiro mal gasto, nunca foi uma questão de dívida pública mas sobretudo a dívida privada e o financiamento dos bancos, como afirma o Director-Geral do FMI. E esse problema e

 

Apesar de todos os factos conhecidos, as opiniões dos banqueiros são sempre tratadas com muito respeito, emitidas essencialmente por pessoas sérias, a pensar no bem comum. Enquanto que as opiniões de lideres sindicais são facciosas, querem é o bem bom deles.

 

Uma questão de percepção, portanto!

 

Ó i ó ai, Quando se embebeda o pobre 
Ó i ó ai, Dizem, olha o borrachão 
Ó i ó ai, Quando se emborracha o rico 
Acham graça ao figurão

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