Num misto de português e de português de Futre consegui entender-me com a recepcionista do meu Hotel, sim finalmente havia chegado o momento solene do check-in: inclinei a cabeça, estendi o pulso, musica celestial ecoava por todo o lobby enquanto a almejada pulseira me era colocada, orgulho e responsabilidade enchiam-me o peito.
A partir daquele momento, e durante uma semana, viveria o sonho comunista em que o dinheiro era tão só uma relíquia de tempos idos. Às duas palavras, que acompanharam-me durante toda a estadia, "Tudo bien?" respondia invariavelmente com um "gracias", antecidido de um nome de uma qualquer bebida.
Confesso que fiquei literalmente embrigado de poder, um poder hipnotizante que era exponenciado pelos obrigatórios "Buenos dias"com que era contemplado sempre que passava por algum funcionário. A meio da semana já passeava altivo pelos corredores distribuindo "buenos dias" pelos "meus funcionários", mais uns dias e corria o risco sério de transformar-me num novo Kurtz.