Infelizmente, parece que o Ministro da Educação não é leitor deste blog (pausa para espanto) porque se o fosse tinha lido este artigo, e, pelos vistos, também não liga muito ao New York Review of Books, temos pena.
Porque assim teve a ideia brilhante de anunciar o regresso de exames no fim do quarto ano de escolaridade, que valerão 30% da nota final do aluno, tornando Portugal caso único na Europa. Voltando a Almeida Negreiros "Em Portugal educar tem um sentido diferente; em Portugal educar significa burocratizar."
No entanto, o actual Ministro da Educação conseguiu - o que não era nada fácil, pelo que é merecedor de elogios - ter uma ideia ainda pior: pretende permitir a constituição de diferentes grupos de estudantes consoante o seu rendimento escolar.
Uma das teorias mais famosas de sociologia é a chamada Labeling Theory, que foca a forma como a identidade e o comportamento de indivíduos pode ser determinada ou influenciada pelos termos usados para os descrever ou classificar. Existe a criação de um estigma que depois o individuo procura seguir, visto que é papel que a sociedade espera que ele reproduza.
Esta teoria é sobretudo utilizada na área da criminologia mas há diversos estudos (aqui e aqui) que transpuseram a sua aplicação para a sala de aulas com eficácia.
Assim, a divisão entre bons e maus alunos produz efeitos contrários ao pretendido, encerra o aluno no papel de mau, fecha os seus horizontes. Não só o aluno conforma-se com o que é esperado dele, isto é, que seja um mau aluno, como também os professores conformam-se com esse estatuto, modificando subconscientemente a forma como se relacionam e interagem.